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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O futuro tem um coração antigo,

Disse Carlo Lévi, sobre quem tô com preguiça de pesquisar agora, não sei quando nem por quê. Porque na verdade não importa muito quem é o cara, mas sim esse tapa de luva que ele me deu via twitter.

E falar em coisas antigas me lembra de quando as pessoas ainda acreditavam em amizade sincera. Ou melhor: desconfiavam menos umas das outras. Nem falo aqui da saudável precaução com o desconhecido, mas das intenções de pessoas no mínimo do convívio diário.

Sabe a época em que um e-mail era um email, uma mensagem no celular convidando pra sair e conversar era nada além de um convite pra sair e conversar, e não uma manobra implícita que esperava algo não muito definido mas certamente cheio de mais intenções além da explícita? eu morro de saudade disso. E o que mais me irrita é minha oscilação entre as duas interpretações: ora eu faço leituras ingênuas e inocentes, oras vejo chifre em cabeça de cavalo achando que tudo o que acabei de ouvir/ler é um código que eu não conheço pra algo que eu não sei o que é.

Aí eu pensei sobre isso e cansei.

Cansei de pensar sobre cada vírgula que ouço/leio, sobre porque terá fulano escolhido tal palavra e não aquela outra, isso é desgastante demais e eu tenho mais o que fazer com meu precioso e escasso tempo. Decidi simplesmente adotar aquele literalismo típico de autista, que assim a vida fica menos decepcionante quando eu encontro algo diferente do que esperava, ou até mais surpreendente, normalmente também quando eu encontro algo diferente do que esperava. Assim, se o cara bonitão me convida pra jantar, eu saio de casa esperando voltar sem morrer de fome, nada além. O que vier além disso é bônus.

Claro que especulações persistem. A diferença sutil está em não surtar adolescentemente com isso e esquecer de fazer as unhas pra sair, por exemplo. Se bem que, justo na minha adolescência, era a época em que um email era só um email, uma mensagem dizendo 'oi' no celular era só um 'oi' e... pensando bem, deixa pra lá. No fim das contas, não cheguei a nenhuma conclusão muito 'conclusiva' sobre isso tudo...

Um comentário:

  1. Acho que esse texto chega em boníssima hora... Até porque a leitura das entrelinhas do comportamento humano é altamente subjetiva... Por que não acatar a mensagem explícita ao invés de formular infinitas possíveis interpretações e implicações de um simples silêncio?

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