Pages

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cena: eu no ônibus, ouvidno música e pensando na morte da bezerra. De repente começa uma situação mental, em que uma hipotética filha pede emprestados meus esmaltes escuros, e disso me brotou uma repentina, surpreendente, profunda e provavelmente passageira indulgência com essas barbaridades coloridas da adolescência – às vezes até mesmo da infância – de hoje em dia. Não que a minha própria esteja temporalmente muito distante, mas ‘ideologicamente’ [ou qualquer equivalência menos besta] parece ter se passado uma era desde que eu tinha uma desculpa biológica pra agir idiotamente.

Porque quando você é criança pode até brincar de ser adulto de vez em quando, mas quando você crescer, cada vez menos poderá brincar de ser criança outra vez. Por isso é tão bom aproveitar enquanto a idade [e não uma demissão ou o fim de um namoro] é a desculpa pra se lambuzar de sorvete enquanto assiste seu desenho favorito na TV, já que logo, logo a vida vai te cobrar mais do que você acha que consegue dar e você não terá tempo sequer pra pensar muito sobre as decisões que precisar tomar o tempo todo.

Então, num átimo, eu pensei nisso tudo e conclui que ah, deixa os coloridos felizes, os grunges [não tenho visto esses, mas na minha época tinha aos montes...], os sertanejos da cidade que não sabem o que é uma roça, eles tem a desculpa da idade... depois cresce, e ri das próprias vergonhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário