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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

sábado, 29 de dezembro de 2007











Desvio de rota é tão normal
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no mundo concreto ou virtual
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de um jeito desigual
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Quem sabe um dia, então, por um acaso.

Antes Tarde Do Que Mais Tarde

28 de dezembro de 2007. Ontem, dia 27, só depois de estar na rua lembrei que havia prometido não mais sair de casa nessa data, por motivos na verdade insignificantes. Uma implicância de estimação minha, mas já passou. Voltei ‘ilesa’ e feliz com a sandália que papai me deu. =)

Mas tá, não era disso que eu queria falar. Comentei a data apenas para ressaltar o fim de mais um ano. Faz dias que eu ensaio um balanço, uma ‘retrospectiva’ a compartilhar com eventuais desocupados que por acaso esbarrem neste blog. Prontos?

Em uma frase, tentar resumir meu 2007 gera uma pergunta: por que demorou taaanto pra acabar, afinal? Gente, que ano mais out of the little house! Olha que eu nunca fui a nenhum parque de diversões [desfaz já a cara de ‘meu deus, ela é um E.T.’], mas acho que tive uma idéia do que seria passar 365 dias numa montanha russa.

Aprendi na marra que nem sempre as pessoas merecem nossa dedicação, nunca mais que eu tiro a bola de cristal da tomada quando souber quão certa ela pode estar. Também não confio novamente em horário divulgado meses antes dos compromissos, mesmo; Foi o ano em que mais perdi a linha, e muito sono também.

Foi um ano quase sem o Nenhum de Nós, mas tão literário, e tão cinematográfico... Gratificante, extenuante, ‘o inferno e o céu’; Muita aula, muito trabalho, abandonei alguns vícios, adquiri outros [chá de hortelã, croissant de frango, livros³, guaraná power]... Vários sustos, saudades imensuráveis.

Libertei-me de fantasmas, fiz o que devia – mas também o que não queria, abusei da boa vontade de quem não merecia, também dos que nem precisavam me apoiar tanto, mas que dois meses depois ou varou a meia noite comigo num dos melhores shows que já assistimos, ou me aturou mais um pouco quando ninguém mais entendeu o que eu escrevia.

Eu perdi quatro brincos em 2007, assim não dá! Mas n’uma segunda feira qualquer eu estive no lugar certo na hora certa, e nunca uma véspera de feriado da Proclamação da República foi tão memorável, ainda que tenha sido o novembro mais alucinante que vivi até agora; pesadelos, crises de pânico, telefonemas além da meia noite; Ah, e me tornei uma covarde de primeira categoria, já fui mais merecedora dos méritos a mim atribuídos.

Eu suspeitei de várias doenças, me decepcionei mais que de costume, chorei fundo como quando criança levada; Me entupi de remédio, de música, de poesia; Me apaixonei loucamente, renunciei a mim mesma e sobrevivi; Descobri pessoas desprezíveis, de fato, mas tantas outras incríveis, várias essenciais, algumas indiscutivelmente necessárias. Atrevo-me a alguns nomes: Ju Ventura, Ju Martins, Nira, Guilherme, Aline, Rita, Daniele, Daniela Yanno, José Cláudio, Lani, Cláudia, Sérgio; Porque no fim das contas a vida é feita da soma da gente que a gente encontra pelo caminho, mais precisamente do que essa gente desperta em nós.

Aos fiéis escudeiros, Carol, Débora, Rogério, Fernando: acabou. Que 2008 lave [e leve] o ruim de 2007 e reforce o que houve de bom, em dobro, triplo, o quanto nós acharmos que merecemos, porque nós merecemos sim muito mais do que murmurar ao longo dos meses ‘tem piedade, ó Satã, da minha atroz miséria’*.

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*BAUDELAIRE, Charles. As litanias de satã. In: ________ . As flores do mal. trad. Ivan Junqueira. São Paulo: Nova Fronteira, 1990. p. 423.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Acho que só não escrevo mais porque não sei escrever simples. Absolutamente todos os dias me ocorrem grandes frases – bons amontoados de palavras, ao menos –, mas nem assim eu consigo transferi-las ordenadamente pro papel, cruas do jeito que nasceram. Da mesma forma que todo santo dia, em cada curva da estrada, eu tenho a nítida certeza de que VAI bater, ou que na próxima descida o freio NÃO VAI agüentar; Ainda assim, nunca bate, ou o freio dá conta, e eu sempre chego ilesa.


Não, não é uma tendência suicida mal reprimida, eu ainda quero, uma vez que seja, escrever – uma página ao menos – sem olhar no dicionário. E dane-se que um assunto não tem nada a ver com o outro, em mim nada se separa. É tudo um bolo só: angústia, saudade, contentamento, tristeza, serenidade, indignação e impaciência.


Eu tenho é vontade de quebrar todos os relógios do mundo, trapacear o tempo, pra nunca mais me sentir impotente ante a algo que ninguém sequer vê. Tempo é só um negócio que a gente sente: na pele, nas articulações, nas veias congestionadas, nos lapsos de memória. É simplesmente revoltante o fato de a minha vida – a de todo mundo, na verdade – ser regida por esse monstro abstrato e covarde, que ataca pelas costas e sempre foge, sem nos dar a mínima oportunidade de capturá-lo.


Foi esse bandido quem desfigurou minha caligrafia, inclusive. E foi também ele quem, ao seu longo, me fez cética, descrente, descoordenada, desmemoriada. Quase insana, afirmam fontes fidedignas [ok, o ‘quase’ foi por minha conta. Alguém nessa história deve se pronunciar em minha defesa, afinal]. Não bastasse isso, teve a audácia de me amolecer, pois eu já fui sim muito mais cruel com os seres humanos do que sou hoje; Roubou meu sono, consequentemente também minha saúde, minha paciência, e acho que tudo isso apenas pra eu nem sentir quando ele por fim me tomar a vida.