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sexta-feira, 15 de junho de 2007

Acaso [?]

“O acaso é o começo de todas as coisas”
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Pare e pense: não é verdade? Essa frase é da música “People Are”, do Nenhum de Nós. Ouvi esses dias, a caminho da faculdade, e me surpreendi pensando no que o tal do acaso tem feito na minha vida.

Foi por “acaso” que algumas das pessoas mais importantes da minha vida passaram a fazer parte dela. Tempos depois, o mesmo acaso arrancou-as de mim. Aí ele deu uma voltinha no quarteirão, e na esquina seguinte eu esbarro em alguém em quem estava pensando cinco minutos antes. Dá ou não dá pra enlouquecer um pouquinho?

Thedy Corrêa completa a frase cantando “mas eu gostaria de poder escolher”. Rá, quem não gostaria? Porque além de enlouquecer uma meia hora por dia, cansa lutar contra a maré.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Bate-Papo

Conversar, conversar, conversar. Aai, como eu adoro fazer isso!! Tem conversa que deveria ser remunerada, de tanto bem que faz e dá vontade de não terminar nunca. Filosofia de boteco, fofoca com amiga, um belo dum flerte com aquele colega distante da sala. Seja qual for a modalidade, conversemos. Aliás, de agora em diante, eu considero a qualidade de qualquer relacionamento diretamente proporcional ao tanto de conversa que se tem, e a quantia de verdade depoistada em cada uma. Papo pra caramba, no melhor estilo “antes do pôr-do-sol” [um filme encantador, diga-se de passagem], porque percebi a diferença entre saber “da vida do outro” e saber “do outro”.

Saber da vida de alguém é quando a gente sabe onde vai estar, com quem, fazendo o quê, que horas sai, que horas chega. E assim sabe-se da vida de todo mundo: a filha da vizinha engravidou com 15 anos, o colega de trabalho da sala ao lado trai a mulher com a secretária, o sobrinho da cunhada do padeiro se droga escondido da família. Pode ser tão útil quando atrapalhar, até perigoso, sabe como é, tem gente capaz de tudo por "informação", seja para obtê-la ou aprisioná-la.

Já o “saber do outro” vai além: é saber quando abraçar, quando pode gritar, quando deve calar e apenas manter-se ao alcance, saber ler o cansaço e a necessidade de descanso - inclusive da mente -, não precisar mais perguntar “mas que m... é essa?” diante de uma esquisitice corriqueira. Há quem chame isso de simplesmente “conhecer”, mas esse conceito também anda deturpado ultimamente. Com todas as facilidades da vida moderna, pode-se conhecer melhor um japonês com quem nunca se trocou nada além de e-mails, mas acaba-se esquecendo dos que fazem parte do convívio diário, aqueles que realmente agüentam os trancos não planejados, têm um colo pra oferecer no fim de um dia difícil e merecem sim um cadinho a mais de dedicação.

Saber do outro nos permite curtir acompanhados um silêncio que não incomoda, muito pelo contrário, é até bem confortável. É -sem perceber- saber o que agrada e surpreender-se fazendo seja lá o que isso for, com uma satisfação que ninguém entende ou explica.

domingo, 10 de junho de 2007

Divagações

Juro que não sei mais o que pensar a meu respeito! Eu me sinto meio sozinha em tudo que faço e gosto, e dizer isso soa arrogante. Mas pensando bem, nem a pau que eu vou deixar de ser assim pra “me enquadrar”, “ser aceita”... Não mesmo!! Me recuso terminantemente a ser mais uma na multidão, prefiro mesmo ser ponto de referência: a branquela, esquisita, de calça jeans e tênis em pleno verão florianopolitano. Que retardada, essa garota!

Mas quer saber? Divirto-me horrooores. Melhor sozinha num show que ter do lado um mala que nem sabe o que ta acontecendo. Se for pra discutir um livro, aprendi a discutir comigo mesma, e olha que assim já dá confusão suficiente pra bagunçar minhas [já não muito claras] idéias. Cansei de tentar explanar o que tal música ou tal texto me remete e/ou tem a ver comigo, uma vez que aceitei ser a única que entende da minha vida, e por mais que sejam amigos, ninguém tá se importando muito com meu passado. Foi maravilhoso isso acontecer, pois assim ninguém cansa de ninguém e vivemos todos felizes para sempre.

Em tempo: quando digo “só eu gosto de tal livro, tal filme, tal banda”, não quero dizer que mais ninguém na face da terra goste, refiro-me ao modo como gosto [e isso é realmente único], e nesse caso é modo no sentido intensidade. Não que só eu goste, mas eu gosto só, sacaram? Mas aí, só pra variar, eu não me expresso direito, sou mal interpretada [não incompreendida, antes que me chamem de emo], e acabo passando a imagem de tosca, arrogante, maluca, e blá blá blá... Mas sabe aquela coisa de não ser leviana, lá do “Filtro Solar”? Eu levo bem a sério.

Agora voltando ao meu aparente retardo mental: é biológico, não vejo outra explicação. Minha bibliofilia não é herança, meu individualismo é autônomo [com certeza contra minha vontade] e as minhas esquisitices são totalmente conscientes, ou seja, eu sei bem quais são os meus problemas, logo, não é doença coisa nenhuma. Difícil e fazer os humanos entenderem que a maioria tampouco é escolha.

Confesso, às vezes dá uma pontinha de frustração por não atender as expectativas da sociedade, mas passa rapidinho quando eu olho pra TV e vejo crianças de 5 anos dançando funk "até o chão", abro meu e-mail e recebo mais uma daquelas apresentações em power point com fotos de placas do tipo “fas freti”, ou me dizem que a média nacional de leitura é “1,alguma coisa” livro por ano. Com esse dado eu inclusive faço piada, perguntando pras minhas amigas “o que seria desse país sem mim?”, ainda que eu jamais tenha respondido a uma dessas pesquisas. Sim, alem de chata, de vez em quando eu sou pretensiosa às pampas.

É por essas e outras que eu já acho ótimo quando mais uma pessoa diz pra eu voltar pro meu planeta. As saudades da estadia aqui, sem dúvida, serão poucas.

domingo, 3 de junho de 2007

O ruim da boa memória é que...

Aí parece que cada fim trás amarrado consigo todos os outros, a gente remói pela enésima vez todos os erros, ensaia de novo as palavras não ditas, mesmo que seja pra guardar - novamente - sem dizer. Por pouco não dói tudo outra vez.

O problema nem é o fim, é se libertar do fantasma recém-nascido e, além disso, aparentar a disposição que o mundo exige, sem saber o quanto isso pode nos custar. Minha escritora favorita chama de “cicatrizes de estimação” aquelas mágoas que remanescem mais que o necessário. Mas o que fazer na falta de um interruptor “liga/desliga”?

Quando não dói mais a dor muda de nome: agora é lembrança. Aí mesmo que não deixa de existir, porque se não for devidamente arquivada, só incomoda/atrapalha. Talvez nem tanto os seus detentores, mas às novas almas que se aproximem do ser que ainda vive num processo de cura, lento, demorado – e invisível, pois se ninguém entende, então é melhor mesmo não proclamar nada a respeito.

sábado, 2 de junho de 2007