Quero. Tão verdadeiramente, eu quero, e quero tanto que meu querer disputa espaço com já experimentados medos, defende a tapas seu canto dentro – e fora - de mim.
O primo temor é de não realizar meu desejo de completar-te, temo não te bastar, não te ser suficiente quando o que mais quero é suprir-te da necessidade de outrem. O receio seguinte é de querer-te em vão, pueril receio de não haver motivo para minha longa espera. De Frank Sinatra a Chico Buarque, do pôr-do-sol ao bar no caminho de casa, também o que não te atrai, ruídos que me chegam, cheiros que me alcançam, coisas que vislumbro, tudo me remete à essa ânsia de que retornes.
Há também o medo de ser interpelada por qualquer impedimento possível, por mínimo que seja, talvez até desconsiderável, mas ainda assim um obstáculo a interpor-se frente a meus, quem sabe nossos planos, se deveras existem e os compartilhas em igual – quisera eu maior – ansiedade. E me espreita também um derradeiro terror de não saber esconder devidamente o que me enreda, seja lá o que for isso que atormenta meu sono e minha fome. Ou deveria eu escancarar isso que pareço sentir? Lançar-me aos que não entendem, implorando julgamento e punição pelo que não fiz?
Dar-me-ia por satisfeita saber o que fazer com esse ensaio de sentimento que me devasta.
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* O título faz referência ao romance 'Do Amor e Outros Demônios', de Gabriel Garcia Márquez. A quem interessar possa: GARCIA MARQUEZ, Gabriel. Do amor e outros demônios. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. 221p. ISBN 8501042285 (broch.)