Reparei também que tenho me empolgado mais contidamente com os acontecimentos. Alguém pode pensar 'mas que pessimista ingrata do caramba', mas não é questão de pessimismo, é realismo. Pé no chão e cabeça no lugar. Sabe gato escaldado? pois é, tem medo até de água fria... Se tem uma coisa que eu aprendi nesses 'míseros' 20 anos, foi a não me iludir demasiado. Sonhar sim, reconhecer e aproveitar os bons momentos, claro, mas tudo isso sem sair da casinha, que é pra não me arrebentar demais na eventualidade de algo não-bom me acometer. Mas fora essas resoluções de vida, eu ando bem, mesmo. Mesmo com dias foi trash [no sentio físico das dores, só], tenho ido bem nas aulas, cumprido os trabalhos que prometo, almoçado com calma, até comecei outro livro [tá, isso talvez eu devesse ter evitado, mas é que já adiei Fante por tempo demais]; Trabalho pacas, mas termino o expediente com a sensação de dever cumprido. Chego em casa e durmo, satisfeita comigo e com os rumos que tenho tomado ultimamente.
Verdade que me irrito com o trânsito, a chuva e a demora resultante dessa combinação, mas os pijamas lindos que comprei me acalmaram [ok, eu DEVO mesmo evitar lojas quando estiver irritada]. Mas agora eu sei dosar prós e contras, afinal mesmo contente pelas noite gradativamente boas que tenho, ainda existe uma reclamação - hollywood tá mesmo ferrando minha cabeça. Eu simplesmente ODEIO a sensação de apaixonada-trouxa que às vezes me ronda, e odeio mais ainda por ela ainda existir justo agora, quando pela última vez me permito acreditar que as coisas podem dar certo. E sabem o que isso me lembra? Baudelaire e Cazuza. Sim, combinação inusitada, mas acompanhem as citações. Do primeiro: "tem piedade, ó satã, da minha atroz miséria"; do segundo: "senhores deuses, me protejam de tanta mágoa". Bem coisa de gato escaldado mesmo, ms é isso aí, protejam, tenham piedade desta pobre mortal economizando energia de vida pra concretizar as tentativas de ser bem feliz.