Mas ele não entende, pai, que namorar comigo é conviver com uma ferida que não fecha, um relógio que não rende e uma cabeça que não desliga. Nunca. E ele mora do outro lado da cidade e fala em me namorar, sem me ouvir quando digo que a nossa cidade não favorece amores à distância. Espera, eu disse amores? Nah, esquece. Ninguém falou em amores, só em namoro.
Ah, tem também aquele outro, dizendo de um tudo pra me levar pra cama. E olha que eu ia, pai, ia fácil. Mais aí meu cérebro lembra que não existe sexo intelectual, porque a inteligência é de longe o que mais me desatina nele, e então eu fujo, porque do cérebro pra fora eu sou uma menininha boba, cheia de sexismos e não-me-toques.
E fujo desse como do outro que não faz nada, mas se eu quisesse, eu sei que faria. Só quem não faria sou eu, que não consigo tirar a roupa pra alguém que tem tesão com z e não entenderia quando, numa briga, eu o xingasse em mais de três idiomas.
Eu guardo uma confissão dentro de mim, pai, que eu jamais faria a ninguém, nem a você, nem à mamãe – não por não querer, mas vocês simplesmente não entenderiam. Mas eu conheço alguém que entende.
Ele mora aqui pertinho; ele fala inglês melhor que eu, e me desmancha quando arranha um francês me chamando de chérie. Ele é lindo, bom caráter e muito inteligente; ele tem todas as qualidades que os outros não tem, e defeito só tem um, pai: ele não me quer.
Amei esse texto!
ResponderExcluirE fica tranquila: super normal não sentir tesão com alguém que o sente com Z =D
hauihaiuhuihauiahui
Será mesmo que ele não te quer?
Beijos.
Carol Borba.
estupefato. *-*
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